O ciúme e a dependência emocional

O ciúme e a dependência emocional

Dra. Elizabeth Zamerul Utilidade Pública 18/12/2018 (0)

Uma das causas bastante comuns do ciúme doentio ou patológico é a Codependência ou Dependência Emocional. Na cultura brasileira é muito comum o ciúme ser valorizado de tal modo que muitos acreditam que ele seja uma prova de amor. É um tema polêmico, mas aqui vale discutir o ciúme quando causa sofrimento tal que envenenaquem o sente e contamina a relação, levando a discussões, agressões verbais, desgaste, decepção amorosa e muitas vezes, finais infelizes. Neste processo, provoca muita dor, angústia, desconfiança, medo e raiva em todos os envolvidos. Este é o ciúme doentio.

Quais as origens do ciúme doentio?

Entendido como um estado e não como um sentimento, as causas do ciúme podem ser várias, desde um sintoma de alguns transtornos psiquiátricos até uma questão psicológica baseada, em geral, no medo da perda do outro, independentemente de haver fatos que comprovem este risco. No caso da Dependência Emocional, ocorre especialmente se o dependente veio de uma família disfuncional, onde não se sentia aceito, aprovado e amado.

Quando cresce, este indivíduo tem suas chances muito aumentadas de sofrer de Dependência Emocional do parceiro afetivo, com sua autoestima, autoimagem e autoconfiança prejudicadas, desenvolvendo um medo imenso de ficar só e se fixa neste outro ser como sendo a sua tábua de salvação.

Necessidade de controlar?

Por isto, desenvolve um jeito de ser disfuncional, na tentativa de obter o controle da situação e até da sua própria vida, começa a tentar controlar o outro, seus passos, seus olhares, o que faz, quem lhe envia mensagens no celular, quem se torna amiga dele nas redes sociais e outros comportamentos de perseguição. Assim, o tormento se instala em cada um e na relação, levando os dois à exaustão, pois, obviamente, nenhum controle é real e nenhuma segurança é alcançada com este processo que, ao contrário, tende a afastar o parceiro e, com isto, aumentar o sentimento de insegurança daquele que sofre do ciúme.

E o parceiro não ciumento, como fica?

Em muitos casos, o parceiro que se submete a este estado de Ciúme patológico também acaba enredado, pois começa acreditando que pode lidar com a situação e convencer o outro e enfim, tranquilizá-lo. Para isto, tenta esclarecer as situações, os seus motivos, dá explicações ou satisfações, oferece provas das suas boas intenções e tudo isto não costuma convencer e, se funcionar, será por pouco tempo. Em seguida, quando percebe que isto não resolve a insegurança do outro, decide que é melhor protegê-lo ou defender-se e começa a não contar decisões que toma, como, por exemplo, sair com amigos. Se o parceiro ciumento descobre a situação não revelada, acusa o outro de “traição” ou más intenções e questiona duramente por que ele estaria “escondendo” aquele fato. De nada adianta dizer que não contou pra não dar oportunidade de confusão e discussões. Ou seja, o companheiro não ciumento caiu na armadilha do ciúme doentio e não consegue sair. Qualquer coisa que fizer se volta contra ele. O que ele não percebe é que não está nas suas mãos resolver o problema do outro. Vale esclarecer que, se este parceiro se submete à tortura desta perseguição por um tempo prolongado, possivelmente também sofre de Dependência Emocional. Por isto ele continua na relação.

O ciúme tem tratamento?

Enfim, o Ciúme Doentio demanda tratamento de psicoterapia (e, muitas vezes, o parceiro que se submete a isto também). O objetivo é libertar-se da necessidade angustiante de controlar o que é incontrolável, adquirir autoconfiança e curar feridas psicológicas. Tomar consciência disto pode ser algo desconfortável, mas, o que é pior? Perceber o fato e se encorajar para cuidar de si mesmo ou continuar sendo controlado por esta tortura psicológica, sem esperança de solução?

Flor dedicada ao texto: rosa amarela, simboliza ciúme e desconfiança.

Dra. Elizabeth Zamerul

Mestra em Psiquiatria e Psicologia

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